Sócio-filosofias da vida, da técnica e da tecnologia
Local: Auditório Fausto Castilho (IFCH/Unicamp)
Transmissão ao vivo: https://www.youtube.com/watch?v=lJF4Ku1KIZM
Data: 29/08/2024
Horário: 14h às 18h
O que está em jogo no crescente imbricamento entre vida e tecnologias? Sabemos que é por meio da socialização de agências consideradas não-humanas, em especial na forma de tecnologias, que os coletivos humanos se estendem no tempo e no espaço. Por ser uma dimensão transversal às sociedades contemporâneas, as tecnologias vêm se constituindo como um objeto privilegiado do pensamento sociológico e filosófico. Pensar a vida e as tecnologias no campo das humanidades envolve seguir as formas de constituição dos coletivos desde a sua dimensão supostamente mais elementar e material (e.g.: microbiológica ou microfísica) até as dimensões que se apresentam como imbróglios materiais e simbólicos, como a gestão e utilização de sistemas de inteligência artificial em diversos âmbitos sociais e seu status de agente, em especial na educação. Nesse sentido, o simpósio tem por objetivo apresentar pesquisas, concluídas ou em andamento, que apresentam perspectivas sobre os imbricamentos de bio e tecnossocialidades na constituição dos modos de vida coletivos
contemporâneos.
Apresentações
TÉCNICA E VIDA EM CANGUILHEM E FOUCAULT
Federico Testa
Esta apresentação mostrará como Canguilhem e Foucault concebem a vida e o vital dos como constitutivamente entrelaçados com a aventura técnica. Uma concepção tecnológica da vida nos ajuda a compreender o vital como fenômeno normativo em Canguilhem, e nos ajuda a esclarecer a ambiguidade constitutiva da noção de vida em Foucault. Com o intuito de analisar essa convergência, proporei uma leitura das noções de “técnicas coletivas” em Canguilhem, e na technē tou biou em Foucault, demonstrando como, para ambos, a vida não pode ser separada de investimentos sociais e escolhas técnicas, éticas e culturais. Afirmo que uma compreensão adequada da noção de vida pressupõe uma investigação sobre os modos como os seres humanos aplicam “normas” à vida através da atividade técnica pragmática. Tal reflexão busca abrir caminhos de investigação da técnica como fenômeno vital para a filosofia e as ciências sociais.
SENSORES DE SMARTPHONES E VIDA MICROPROCESSADA
Pedro P. Ferreira
É crescente o número de pessoas que vivem com, e por meio de, smartphones. Esses dispositivos têm se tornado, cada vez mais, pontos de passagem obrigatória para nossa vida contemporânea. Do momento em que acordamos, até o momento em que caímos no sono, smartphones têm assumido para nós as mais diversas e variadas funções, mediando um número crescente de nossas interações diárias. Nesse processo, como terminais portáteis de sistemas globais de processamentos de dados, smartphones têm ampliado significativamente a colonização da vida contemporânea pelas empresas proprietárias de sua infraestrutura sociomaterial. Proponho refletir sobre essa condição contemporânea a partir do caso particular do uso de sensores de smartphones por aplicativos de saúde mental, mais especificamente pelo uso de dados gerados por acelerômetros como base para inferências sobre o estado depressivo do usuário.
INTELIGÊNCIA E ACTÂNCIA DE SISTEMAS ARTIFICIAIS: SOBRE A IMPERTINÊNCIA DA VISÃO ANTROPOMÓRFICA E UNÍVOCA DA IA
Paula C.S. Menezes
A partir das contribuições da Teoria Ator-Rede e da abordagem sobre a tecnodiversidade, busca-se descrever o que é e o que significa Inteligência Artificial (IA). Desta perspectiva, cabe indagar sobre a impertinência das visões que associam agência da IA à antropomorfização da IA, o que acaba reduzindo a ideia de agência à perspectiva tradicional, tendo como pressuposto a uma ideia unívoca de tecnologia.