Um pacifista no meio do fogo cruzado (Latour 2014, 2020)

Latour político? O texto “Para distinguri amigos e inimigos no tempo do Antropoceno”, de Bruno Latour [1], coloca todas as conquistas de sua Teoria Ator-Rede (TAR) a serviço de uma tomada de partido com relação ao negacionismo científico. É um texto importante, tanto para uma compreensão mais ampla da sua sociologia da ciência, quanto para uma possível tomada de partido […]

A tecnomítica científica de Lévi-Strauss (2012 [1955])

A lógica do pensamento mítico pareceu-nos tão exigente quanto a que fundamenta o pensamento positivo e, no fundo, pouco diferente. Pois a diferença está menos na qualidade das operações intelectuais do que na natureza das coisas a que se referem tais operações. Já faz bastante tempo que os tecnólogos perceberam, em seu campo, que um machado de ferro não é […]

Anatomia de uma inteligência artificial (Crawford e Joler 2018)

A revista eletrônica de jornalismo científico ComCiência publicou recentemente a tradução, feita por Pedro Ferreira e Cristiana Gonzalez (com a colaboração de Pedro Paulino), do texto-mapa Anatomy of an AI system, de Kate Crawford e Vladan Joler. O texto-mapa é um trabalho incrível, e a tradução foi caprichada, para que ele esteja acessível também em português. Trata-se de mais um […]

A responsabilidade viral de Haraway (1991, 2016)

Images of the immune system as battlefield abound in science sections of daily newspapers and in popular magazines, for example, Time magazine’s 1984 graphic for the AIDS virus’s ‘invasion’ of the cell-as-factory. The virus is imaged as a tank, and the viruses ready for export from the expropriated cells are lined up as tanks ready to continue their advance on […]

Homenagem tecnomítica de um “discípulo inconstante”

Dedicatória que abre Antropologia Estrutural: “Permitam, com este livro a ser publicado em 1958, ano do centenário de Émile Durkheim, que um discípulo inconstante renda homenagem à memória do fundador da Année Sociologique, ateliê prestigioso no qual a etnologia contemporânea recebeu parte de suas armas, e que relegamos ao silêncio e ao abandono, menos por ingratidão do que devido à […]

Esboço de uma teoria geral da magia (Mauss e Hubert 2003 [1902-3])

MAUSS, Marcel; HUBERT, Henri. 2003. Esboço de uma teoria geral da magia. In: Marcel Mauss. Sociologia e Antropologia. (trad. Paulo Neves) São Paulo: Cosac & Naify, pp. 47-181. [1902-3] II. Definição da magia. CIÊNCIA (objetiva) e SENSO COMUM (subjetivo): “Devemos fazer essa definição [de magia] por nossa conta, pois não podemos nos contentar em chamar de mágicos os fatos que […]

Informação, lei natural e a auto-organização do movimento rítmico (Kugler e Turvey 1987)

KUGLER, Peter N.; TURVEY, Michael T. 1987. Information, natural law, and the self-assembly of rhythmic movement. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates. PREFÁCIO: Física e Biologia Segundo F. Eugene Yates, que assina o prefácio deste livro, ele faz parte de um esforço maior para “desmistificar o comportamento”. Mas não estariam as próprias noções de “comportamento” e de “desmistificação” precisando de uma certa […]

O atual e o virtual (Deleuze 1996)

DELEUZE, Gilles. 1996. O atual e o virtual. In: Éric Alliez. Deleuze Filosofia Virtual. (trad. Heloísa B.S. Rocha) São Paulo: Ed.34, pp.47-57. Deleuze começa a primeira seção apresentando a Filosofia como “a teoria das multiplicidades”. Logo em seguida precisa que “[t]oda multiplicidade implica elementos atuais e elementos virtuais” (p.49). Ele então começa a tratar das relações entre tais elementos, primeiro […]

What is life? (Schrödinger 1992 [1944])

SCHRÖDINGER, Erwin. 1993. What is life? The physical aspect of the living cell, with Mind and matter & Autobiographical sketches. Cambridge: Cambridge University Press. [1944] ANTROPOMETRIA, PODER e PERCEPÇÃO Now, why are atoms so small? Clearly, the question is an evasion. For it is not really aimed at the size of the atoms. It is concerned with the size of […]

The concept of Nature (Whitehead 1971 [1919])

WHITEHEAD, Alfred N. 1971. The concept of Nature. Cambridge: Cambridge University Press. [1919] EVENTOS ORIGINAM TEMPO e ESPAÇO: These two facts, namely the passage of events and the extension of events over each other, are in my opinion the qualities from which time and space originate as abstractions. (Whitehead 1971:34) SIMULTANEIDADE e DURAÇÃO Simultaneity is the property of a group […]