quote
O valor como sujeito automático do capital (Marx 1996 [1867])

O valor como sujeito automático do capital (Marx 1996 [1867])

As formas autônomas/independentes [selbständigen Formen], as formas dinheiro [Geldeformen] [D] que o valor [Wert] das mercadorias [M] assume na circulação simples, mediam apenas o intercâmbio de mercadorias [M] e desaparecem no resultado final do movimento. Na circulação D-M-D, pelo contrário, ambos, mercadoria [M] e dinheiro [D], funcionam apenas como modos diferentes de existência do próprio valor [verschiedne Existenzweisen des Werts selbst]: o dinheiro [D] o seu modo geral, a mercadoria [M] o seu modo particular, por assim dizer apenas camuflado/disfarçado [verkleidete], de existência. O valor passa continuamente de uma forma para outra [D e M], sem perder-se nesse movimento, e assim se transforma num sujeito automático [automatisches Subjekt]. Fixadas as formas particulares [D, M] de aparição que o valor que se valoriza assume alternativamente no ciclo de sua vida, então se obtêm as explicações: capital é dinheiro [D], capital é mercadoria [M]. De fato, porém, o valor se torna aqui o sujeito de um processo [der Wert hier das Subjekt eines Prozesses] em que ele, por meio de uma mudança constante das formas de dinheiro [D] e mercadoria [M], modifica a sua própria grandeza, enquanto mais-valia se repele de si mesmo, enquanto valor original se autovaloriza. Pois o movimento, pelo qual o valor adiciona mais-valia, é seu próprio movimento, sua valorização, portanto autovalorização [Selbstverwertung]. O valor recebeu a qualidade oculta [okkulte Qualität] de gerar valor porque ele é valor. O valor pare filhotes vivos, ou ao menos põe ovos de ouro. [Er wirft lebendige Junge oder legt wenigstens goldne Eier.] (citação modificada de: MARX, Karl. 1996 [1867]. A fórmula geral do capital. In: O capital: crítica da economia política. Volume 1. Livro 1: O processo de produção do capital. Tomo 1. Capítulo IV: Transformação do dinheiro em capital. (Trads.: Regis Barbosa; Flávio R. Kothe) São Paulo: Nova Cultural, pp.273-4)

Tags :